segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Última semana antes do Carnaval

Esta semana começaremos uma nova etapa da nossa disciplina. Antecedentes históricos do Terceiro Setor e Primeiras políticas sociais implantadas no Brasil, serão os temas de nossas primeiras aulas sobre a História do 3o Setor. Quem quiser pode conferir algumas datas importantes que seguem abaixo.

História do terceiro setor
 Início do século XVI/ XVII- Inicia o registro das ações filantrópicas no Brasil, sob a lógica da prática assistencialista, com predomínio da caridade cristã. Surgi as Santas Casas de Misericórdia, asilos, orfanatos, com dependência total do Estado na administração e financiamento destas organizações ...
 Década de 20 e 30- ocorreu mudanças radicais no panorama brasileiro. A chegada da industrialização e a crescente urbanização. Crescia a massa de operários não qualificados, crescia as cidades desordenadamente, os problemas sociais...
 Surgimento dos sindicatos, as associações profissionais, as federações e as confederações, que vinculava o setor privado ás práticas de assistência e auxilio mútuo para imigrantes, operários, empregados do comércio, serviços e funcionários públicos...
 Final do século XIX e início XX- as Instituições de assistência e amparo á população carente, deixam de ser assistencialistas, caritáritas e passam a profissionalizar suas ações práticas e normativas...
 Tanto o Brasil, como outros Países, se viram diante de problemas globais, cujas soluções agora dependiam da capacidade de articulação de um aspecto mais amplo de agentes sociais. Neste contexto histórico, surge a crescente intervenção da Sociedade Civil que, de forma organizada, tenta gerenciar espaços e propor que os aspectos sociais do desenvolvimento passem a primeiro plano. A Sociedade Civil, aqui é entendida como conjunto de instituições com base associativa que representam variados interesses em disputa e é composta pelos: Partidos Políticos, Sindicatos, Instituições Religiosas, Movimentos Populares, ONG´s, OSC´s, OSCIP’S cujo papel é a novidade deste processo de democratização.
 O termo Terceiro Setor é recente no Brasil. Ele passou a ser utilizado a partir do início dos anos 90 para designar as Organizações da Sociedade Civil, com fins não econômicos, de iniciativa privada que busca desenvolver atividades para a promoção humana e mantidas com ênfase na participação voluntária, que atuam nas áreas: sociais, educacionais, meio ambiente,direitos humanos, movimentos populares, saúde econômica, visando a solução de problemas sociais.
 O Terceiro Setor passou a ser olhado como uma Área Estratégica para o desenvolvimento harmônico da sociedade moderna, para cuidar de pessoas, como contribuir na transformação dessas pessoas em cidadãos. Este setor é também conhecido como o setor solidário, coletivo e independente.O Terceiro Setor vem se expandindo em uma velocidade superior aos tradicionais setores o Publico e o Privado.
 Estima- se que atualmente existem cerca de 300 mil Organizações do Terceiro Setor no Brasil, movimentando cifras que correspondem a R$ 10.9 Bilhões por ano; empregam 1.2 milhões de brasileiros; contribui com 1,5% do PIB brasileiro. Estima-se que no futuro tais Organizações movimentem somas equivalentes a até 5% do PIB, equiparando- se á média de outros países. Agrega em média, 42 milhões de Voluntários em vários segmentos de atuação.
 As novas exigências internacionais e do novo mercado, aproximaram o Setor empresarial com o Terceiro Setor, criando bandeiras como Marketing Social e Responsabilidade Social das empresas. Isso significa que a crescente proximidade com o setor privado contribuiu para que as Organizações com fins não econômicos buscassem profissionalizar mais rapidamente o quadro de profissionais e atingir a excelência administrativa.
 Administração de uma Organização Não Governamental (ONG), não se diferencia de uma empresa convencional. As exigências legais são mais complexas e exigem uma estrutura de gestão que não se restringe apenas aos documentos básicos (estatuto, CNPJ, regimento interno, ata de diretoria, ata de fundação),a estrutura de gestão de uma ONG deverá ser profissionalizada sem perder o conceito de Organização Não Governamental.
 No Brasil, existem apenas dois formatos institucionais para a constituição de uma Organização com fins não econômicos: Fundação- tem origem em um patrimônio ou conjunto de bens; seu registro em cartório depende da aprovação prévia do Estatuto Social pelo Ministério Publico Municipal ou Estadual; é fiscalizada pelo Ministério Público anualmente;
 Associação- se origina da vontade de um grupo de pessoas unidas por uma causa ou objetivos sociais comuns.
 A Associação não depende da aprovação do Ministério Público, no seu ato constitutivo e sim da Assembléia Geral convocada para este fim.
 CF- Constituição Federal-(estabelece a estrutura e as atribuições do Estado em função do ser Humano e da Sociedade Civil)- Art. 4º,5º ,150, 195, 203, 204, 227;
 CC- Código Civil( se refere a pessoa humana e a sociedade civil) Art. 53 ao 69;
 LOAS- Lei Orgânica de Assistência Social ( mudou a visão do favor, para Direito- Tripé: Educação, Previdência e Assistência Social)legitima os Art. 203 e 204 da CF;
 ECA- Estatuto da Criança e Adolescente;
 LDB- Lei de Diretrizes Base de Educação( Terceirização da educação Infantil);
 CNT- Código Tributário Nacional ( lei complementar Art. 150 da CF; Art. 9, 14,136,137,138,176,177,178e 179) que isenta as Associações dos tributos;
 Lei nº 9.608/ 1998- Lei do Trabalho Voluntário/ alterada pela Lei 10.748/03 que cria a lei do incentivo ao primeiro emprego;
 O Mais recente Projeto de Lei do Senado- nº7/ 03 - PLS 7, cria o CNO- Cadastro Nacional ONG( caso seja aprovado o que muda: As ONG’s terá que presta contas anual de toda a sua movimentação financeira ao Ministério Publico; terá que ter registro no CNO;define as Entidades que podem receber recursos públicos: OSCIP, OSC, e Entidade UPF e com CEBAS;
 Criação do SUAS- Sistema Único de Assistência Social

Para quem solicitou bibliografia sobre Moda. Aí vão algumas dicas.

LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
MIRANDA, Ana Paula de. Consumo de moda: a relação pessoa-objeto. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2008.
CALANCA, Daniela. História Social da Moda. São Paulo: Senac São Paulo, 2008.
SANT’ANNA, Maria Rúbia. Teoria da moda: sociedade, imagem e consumo. Burueri, SP: Estação das Letras e Cores Editora, 2007
GODART, FREDERIC . Sociologia da Moda. São Paulo: Ed. Senac, 2010.
Moda - Uma Filosofia Svendsen, Lars / JORGE ZAHAR

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

BIBLIOGRAFIA- MÍDIA E PODER

Para os alunos que me solicitaram uma bibliografia sobre mídia e poder, seguem algumas obras sugeridas.



BAGDIKIAN, Ben. O monopólio da mídia, Rio de Janeiro: Letra Livre, 1996.

BORDENAVE, Juan E. Diaz. O que é comunicação, São Paulo: Brasiliense, 1986.

BRIGGS, Asa e BURKE, Peter. Uma história social da mídia, Rio de Janeiro: Zahar, 2004

DE FLEUR, Melvin. Teorias da comunicação, Rio de Janeiro: Zahar, 1993.

HARDT, Michael e NEGRI, Antonio. Império, Rio de Janeiro: Record, 2001.

MATTELART, Armand. História das teorias da comunicação, São Paulo: Loyola, 2002.

MINA, Gianni. Um outro mundo é possível. São Paulo: Record, 2003.

MORAES, Dênis. O planeta mídia, Campo Grande: Letra Livre, 1998.

ALGER, Dean. Megamedia: How Giant Corporations Dominate Mass Media, Distort Competition, and Endanger Democracy. Rowman & Littlefield, 1998.

BARBERO, Jesús-Martin. Dos meios às mediações, Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 2001.

BARNOUW, Eric et al. Conglomerates and the media, New York: New Press, 1998.

DEBRAY, Régis. Manifestos midiológicos, Petrópolis, Vozes, 1995.

DIZARD, Wilson. A nova mídia, Rio de Janeiro, Zahar, 1998.

MORAES, Dênis (org). Globalização, mídia e cultura contemporânea. Rio: Letra Livre, 1997.

NEGROPONTE, Nicholas. Vida Digital, São Paulo: Cia das Letras, 1995.

UNESCO. Um mundo e muitas vozes: comunicação e informação na nossa época. Comissão internacional para o estudo dos problemas da comunicação. Rio: FGV, 1983.

e ainda...

ARBEX JÚNIOR, José. Showrnalismo: a notícia como espetáculo. São Paulo: Casa Amarela, 2001.
BAITELLO JR., Norval, CONTRERA, Malena Segura e MENEZES, José Eugênio de O. (Orgs.) Os meios da incomunicação. São Paulo: Annablume/CISC, 2005.
BAITELLO JR., Norval. A era da iconofagia: ensaios de comunicação e cultura. São Paulo: Hacker Editores, 2005.
CHAUÍ, Marilena. Simulacro e poder: uma análise da mídia. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2006.
CHOMSKY, Noam. Controle da mídia: os espetaculares feitos da propaganda. Rio de Janeiro: Graphia, 2003.
COSTA, Caio Túlio. “Modernidade líquida, comunicação concentrada”. Revista USP 66, jul-ago 2005, pp. 178-197.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
DEBRAY, Régis. O Estado Sedutor. Petrópolis: Vozes, 1994.
DORNELES, Carlos. Deus é inocente, a imprensa, não. São Paulo, Globo, 2002.
MORAES, Dênis de (org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: Record, 2004.
CHAUÍ, Marilena. Simulacro e poder. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2006.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Fonte do Ribeirão

Dia 25 de fevereiro, às 17h30 vamos todos ao sarau e varal na Fonte do Ribeirão-Centro.

os Movimentos Sociais no Brasil. (alguns pontos extraídos do autor Joziane Fialho)

Objetivo da aula: apresentar uma breve análise dos movimentos sociais, desde antigos movimentos sociais que integraram a sociedade brasileira até os novos movimentos atuais, atentando para os vários tipos de movimentos nos quais possuem um único objetivo, o de lutar pelos seus direitos e sua dignidade.

Os movimentos sociais Brasileiros, só tiveram reconhecimento em meados de 1960, quando surgiram os primeiros movimentos de luta contra a política vigente, ou seja, a população insatisfeita com as transformações ocorridas tanto no campo econômico e social. (LISBOA, 1988)

Os primeiros movimentos sociais surgiram no contexto de reestruturação da sociedade brasileira que passava por uma série de rupturas que abrangeu todos os setores desde o político até o social.

O processo de industrialização brasileiro, provocou várias mudanças na sociedade, criando uma série de expectativas na população, que estava em busca de um melhor padrão de vida. A industrialização provocou um êxodo rural, e muitas famílias saíram do campo em busca de emprego nos grandes centros, outros foram expulsos devido a modernização no campo. Estes fatos provocaram grandes problemas sociais. O crescimento desordenado das cidades, o aparecimento do trabalho assalariado e o desemprego, são alguns destes problemas.
Em consequência surgiram os primeiros movimentos, que até então só eram reconhecidos como movimento de classe, ou seja, da classe operária.
As lutas dos operários reivindicavam melhores condições de trabalho e melhores salários.
A partir da década de 1970, surge uma nova ideia de movimento social, que será totalmente inovador, colocando em questão uma nova compreensão sobre a vida política econômica e social do povo.
Não apenas a igreja contribui com os movimentos sociais, muitos são os órgãos que ajudam dando sua contribuição a favor desse movimento visando seus interesses.
[...] O que aproxima tais mediadores externos é o fato deles serem portadores de recursos humanos e materiais para os movimentos[...] (MEDEIROS, L. et al., 1994, P. 179).

Existem vários tipos de movimentos sociais no Brasil, mas os que mais tiveram repercussão foram os movimentos urbanos e o movimentos de luta pela terra.
Dentre os movimentos urbanos podemos destacar:
Movimento de bairros;
Movimento dos favelados;
Luta de inquilinos;
Movimento dos sem teto.
Esses movimentos começam e terminam rapidamente, o que os diferem das lutas do campo.

Os movimentos que lutam pela terra, sempre tiveram maiores repercussões. Esse problema tem suas raízes no período de colonização do Brasil, onde as terras foram mal distribuídas.
Ao estudarmos a questão agrária no Brasil, nos deparamos com questões completamente divergentes onde uns autores defendem o campesinato e outros não.
Outro fator que tem contribuído para a exploração dos camponeses assentados e com a quase extinção desta classe é o processo de modernização no campo, que tem substituído cada vez mais a força do trabalho familiar ao trabalho assalariado.
Os movimentos sociais em geral são lutas contra o capital, que aos poucos foi conquistando o espaço geográfico, e através de suas diversas formas de exploração chega ao ponto de excluir classes inteiras.
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No Brasil e em vários outros países da América Latina, no final da década de 70 e parte dos anos 80, ficaram famosos os movimentos sociais populares articulados por grupos de oposição ao então regime militar, especialmente pelos movimentos de base cristãos, sob a inspiração da Teologia da Libertação.
Ao final dos anos 80, e ao longo dos anos 90, o cenário sociopolítico se transformou radicalmente. Inicialmente teve-se um declínio das manifestações nas ruas, que conferiam visibilidade aos movimentos populares nas cidades.
Os m.s. perderam o principal inimigo: o regime militar
Em 1990, ocorreu o surgimento de outras formas de organização popular, mais institucionalizadas - como a constituição de Fóruns Nacionais de Luta pela Moradia, pela Reforma Urbana; Fórum Nacional de Participação Popular etc.
Em 1990, ocorreu o surgimento de outras formas de organização popular, mais institucionalizadas - como a constituição de Fóruns Nacionais de Luta pela Moradia, pela Reforma Urbana; Fórum Nacional de Participação Popular etc.
À medida que as políticas neoliberais avançaram foram surgindo outros movimentos sociais como: contra as reformas estatais, a Ação da Cidadania contra a Fome, movimentos de desempregados, ações de aposentados ou pensionistas do sistema previdenciário.
Grupos de mulheres foram organizados nos anos 90 em função de sua atuação na política, elas criaram redes de conscientização de seus direitos, e frentes de lutas contra as discriminações.
O movimento dos homossexuais também ganhou impulso e as ruas, organizando passeatas e atos de protestos.
O mesmo ocorreu com o movimento negro, que deixou de ser quase que predominantemente movimento de manifestações culturais para ser também movimento de construção de identidade e luta contra a discriminação racial.
Deve-se destacar ainda três outros movimentos sociais importantes no Brasil nos anos 90: dos indígenas, dos funcionários públicos – especialmente das áreas da educação e da saúde; e dos ecologistas.
Estes últimos proliferaram após a conferência ECO 92, dando origem a inúmeras ONGs- Organizações Não-Governamentais.

Doculentário: Por que a mídia tem tanta raiva dos movimentos sociais?

O documentário é da rede vermelho e pode ser visto no you tube no seguinte endereço:
http://www.youtube.com/watch?v=o0F2fWpPELY

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

aulas da 4a semana de fevereiro

Para a aula do 21 de fevereiro 2011, turma vespertino, passarei o curta 'Por que a mídia tem tanta raiva dos movimentos sociais? Discutiremos a questão da criminalização dos movimentos sociais. Em seguida trabalharemos a leitura do texto que solicitei na aula passada.

Turma Notruno, visualizaremos o curta 'Por que a mídia tem tanta raiva dos movimentos sociais? para em seguida falarmos dos movimentos sociais no Brasil. Preciso que leiam o artigo 'Arqueologia dos movimentos sociais' para a próxima aula, dia 24.

Arqueologia dos Mov. Sociais. (Dias, 2001)

Alunos de comunicação do 3o setor, leia o artigo do site
http://vsites.unb.br/ics/dan/Serie310empdf.pdf
Arqueologia dos movimentos sociais, de Eurípedes da Cunha Dias.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

MOVIMENTOS SOCIAIS .
Objetivos da aula: Investigar a contribuição dos movimentos sociais como fonte de
transformações na sociedade. Conhecer alguns Movimentos Sociais

Definição: são movimentos representados por um coletivo de pessoas, demandando algum bem material ou simbólico. (Gohn, 2003), expressando-se tanto como motor de transformação social, como partícipes do processo de mudanças e de sua efetivação.

M.S. é um conjunto de opiniões e de crenças comuns a uma população que manifesta preferências pela mudança de alguns elementos da estrutura social e/ou da distribuição de recompensas numa sociedade; São também empreendimentos coletivos destinados a estabelecer uma nova ordem de vida.

Na concepção de Boudon (1995, p. 291), movimento social é um empreendimento coletivo de protesto e de contestação que visa impor mudanças, de importância variável, na estrutura social e/ou política através do recurso frequente, mas não necessariamente exclusivo, a meios não-institucionalizados.

História
Os M.S. origem antiga, desde os primórdios da civilização. Muitos acabaram por desencadear mudanças extremamente significativas no mundo e também no Brasil, desde sua colonização.
Eles reivindicavam as questões operárias, lutas nas questões da escravidão, da posse de terras, da carestia entre outras.
Um dos movimentos expressivos da década de 60 do século XX foi o movimento estudantil em vários países do mundo. No Brasil adquiriu importância por representar não só os estudantes, mas toda a sociedade brasileira, que naquele momento sofria as consequências do processo repressivo da ditadura militar e do arrocho salarial que se implantava no país, especialmente às classes populares.
Em meados de 1950, os movimentos nos espaços rural e urbano adquiriram visibilidade através da realização de manifestações em espaços públicos (rodovias, praças, etc.)
Em 1980 destacaram-se as manifestações sociais conhecidas como "Diretas Já".
Em 1990, o MST e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros sujeitos coletivos, tais como os movimentos sindicais de professores.
A defesa dos direitos sociais caracterizava-se em lutas por moradia, transporte, alimentação, saúde e educação e algum tempo depois foram acrescida pela luta das questões ambientalistas.
          As passeatas, manifestações em praça pública, difusão de mensagens via internet, ocupação de prédios públicos, greves, marchas entre outros, são características da ação de um movimento social.

Alguns Movimentos Sociais
MST
MTST
FSM
Movimento Hippie
Movimento Feminista
Movimento estudantil

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, também conhecido pela sigla MST, é um movimento social brasileiro de inspiração marxista cujo objetivo é a implantação da reforma agrária no Brasil.
Recebe apoio de ongs e orgs. religiosas, do país e do exterior, interessadas em estimular a reforma agrária e a distribuição de renda em países em desenvolvimento. Sua principal fonte de financiamento é a própria base de camponeses já assentados, que contribuem para a continuidade do movimento.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)
Surgiu em 1997 da necessidade de organizar a reforma urbana e garantir moradia e a todos os cidadãos.
Está organizado nos municípios do Rio de Janeiro, Campinas e São Paulo.
          O Fórum Social Mundial (FSM)
é um evento altermundialista organizado por movimentos sociais de diversos continentes, com objetivo de elaborar alternativas para uma transformação social global. Seu slogan é
 Um outro mundo é possível.

É um espaço internacional para a reflexão e organização de todos os que se contrapõem à globalização neoliberal e estão construindo alternativas para favorecer o desenvolvimento humano e buscar a superação da dominação dos mercados em cada país e nas relações internacionais.
O Fórum Social Mundial (FSM) se reuniu pela primeira vez na cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, entre 25 e 30 de janeiro de 2001, com o objetivo de se contrapor ao Fórum Econômico Mundial de Davos.

Movimento hippie
Movimento de contracultura dos anos 60.

Um de seus slogans: "Paz e Amor"
          As questões ambientais, a prática de nudismo, e a emancipação sexual eram idéias respeitadas recorrentemente por estas comunidades.
VER O FILME ‘Hair’.

Movimento Feminista
Baseado na teoria do feminismo que é um discurso intelectual, filosófico e político que tem como meta os direitos iguais e a proteção legal às mulheres.
No fim dos anos 80 e início de 90 as feministas ditas pós-modernas argumentaram que os papeis sociais dos gêneros seriam construídos socialmente, e que seria impossível generalizar as experiências das mulheres por todas as suas culturas e histórias.

Movimento estudantil
O movimento estudantil é o produto social e a expressão política das tensões latentes e difusas na sociedade. Sua ação histórica e sociológica tem sido a de absorver e radicalizar tais tensões. Sua grande capacidade de organização e foi capaz de colocar cem mil pessoas na rua, quando da passeata dos cem mil, em 1968

Conclusão
Os movimentos sociais, sejam novos ou tradicionais, encontram-se contextualizados em meio às transformações ocorridas na política, econômica e social, na expansão dos mercados, marcados pela profunda crise estrutural da economia mundial e do país, pelas mudanças nos modelos de organização da produção do trabalho e da dinâmica social, agravada com globalização.
Neste novo milênio estamos presenciando novos tipos de associativismo no cenário brasileiro, no qual os movimentos sociais voltam a ter visibilidade, e pressionam os processos de transformação social, incorporando outras dimensões do pensar e do agir social.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Stop the Clash of Civilizations


Revejam no You tube a chamada da Avaaz que assistimos em sala de aula.
Qual a mensagem?
Diferenças culturais?
Conseqüências da intolerância?
Etnocentrismo?
Como podemos mudar a polícia?
A percepção, e o mundo?
Como os meios de comunicação de massa influenciam a nossa visão de mundo?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

CANTOS DOS SABERES: A MÚSICA DOS KANELA-RAMKOKAMEKRA NA CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES SEXUAIS

Os Kanela-Ramkokamekra constituem um grupo ameríndio pertencente ao grupo linguístico Timbira, precisamente aos Timbira orientais. Estes povos estão há mais de cento e cinquenta anos em contato com a sociedade nacional e além da língua, da mitologia, da organização social e espacial possuem em comum características físicas como o corte de cabelo determinado por sulcos laterais acima das orelhas, extração de cílios e sobrancelhas e ainda algumas deformações corporais como as originadas pelas corridas de tora (calos em um dos ombros), e grandes orifícios nos lóbulos das orelhas causados pelos adornos corporais. Estas últimas características, calos nos ombros e deformações nas orelhas,  são exclusivamente masculinas.
Os Timbira já foram objeto de muito estudo, começando pelos trabalhos de Nimuendaju (1946, 1983) e passando pelos trabalhos de Gilberto Azanha (1984), Maria Elisa Ladeira (1982, 1983), Carneiro da Cunha (1973, 1978, 1986), Melatti (1972, 1973, 1974, 1978, 1979), Roberto Da Matta (1976) e William Crocker (1958,1974,1978,1984,1990), sendo este último quem mais escreveu sobre os Kanela-Ramkokamekra. No entanto, no meio desta extensa e importante produção bibliográfica, nenhum estudo dedicou-se profundamente à música nem à performance dos cantadores, nem à semântica das letras. Dentro desta linha, apenas os rituais foram objetos de estudos aprofundados, relegando a música e a performance que a acompanha a um simples detalhe. Não pretendo com este artigo aprofundar em poucas páginas a questão da música e da performance dos cantadores. No entanto pretendo contribuir com informações sobre os diferentes cantos e performances que distinguem homens e mulheres, recolhidas por mim durante minha pesquisa de campo, e também com informações de como estes atores se distribuem no espaço da aldeia durante os rituais do povo Timbira, enfocando principalmente os Ramkokamekra.
Este grupo foi o mais estudado por Nimuendaju entre todos os povos Timbira, sendo depois de seus trabalhos que este grupo, morador das savanas, atrai a atenção de antropólogos pela complexidade de sua organização social e de seu sistema ritual. Os três grupos Timbira Krikati, os Krahô e Ramkokamekra foram considerados por Nimuendaju como sociedades “irmãs”. Em seu livro "The Eastern Timbira" estas três sociedades foram analisadas juntas (NIMUENDAJU, 1946)
Quanto aos Ramkokamekra, estes habitam precisamente a região central do estado do Maranhão, à 75 km do município de Barra do Corda, cerca de 500 km de São Luis e 650 km de Belém. Ocupam um território cuja superfície é de 125 212, 16 km2, já demarcado e homologado desde 1970. Intercalado de savana e zonas de floresta amazônica, o território Ramkokamekra é inteiramente percorrido por brejos cujas margens são revestidas por uma mata ciliar abundante, entre elas a palmeira [Mauritia sp.]][2], o buriti [Mauritia flexuosa sp.], o bacuri [Platonia sp.], a bacaba, o babaçu [Orbignia speciosa sp.], e outros. No entanto, nas proximidades da aldeia a vegetação mais encontrada é o cerrado caracterizado pela freqüência  de árvores de pequeno porte. O caule destas pequenas árvores [Sapium sp.] é perfeito para a produção do pó de carvão que serve para a pintura corporal chamada de «pau de leite» (PANET, 2003, p. 26)
Sobre os objetos que fabricam, existem os de uso doméstico, quotidiano ou pessoal como as cestas e bolsas de palha, os braceletes e colares e outras categorias de objetos, sendo alguns de fabricação exclusivamente masculina como os arcos e as flechas, as bolsas de caça e pesca e os fabricados por mulheres como os grandes cestos bicolores, os colares e braceletes de uso pessoal e ornamental. Fabricam  ainda objetos destinados às cerimônias como as máscaras “cookrulérô”e colares de miçangas com pontas de unhas de veado usadas nas mais importantes corridas de tora.
Além de outros objetos como brinquedos, bolas de borracha, esteiras de assento, os Ramkokamekra fabricam os próprios instrumentos musicais como os maracás, (PANET, 2003, p.32) classificados como idiofones, ou seja, instrumentos cuja substância em si, devido a sua elasticidade e solidez ressoa sem requerer membranas ou cordas e os aerofones, instrumentos onde o ar é em si o vibrador em sentido primário como as flautas, ocarinas ou cabacinhas e pequenos berrantes feitos com chifres de boi”(RIBEIRO, 1998, p.141). Os Ramkokamekra não fabricam nem utilizam outro tipo de instrumento musical, apenas os citados acima e o mais usado, o mais importante e indispensável que é a voz humana. Vale salientar que dos instrumentos citados acima, nenhum é de uso feminino. As mulheres possuem unicamente a voz para cantar, o que demonstra que alguns saberes encontram-se sob a dominação masculina.  Berta Ribeiro nutre esta pespectiva quando afirma que:
A música e os instrumentos musicais se relacionam a aspectos da organização social e da cosmologia. ”(RIBEIRO, 1998, p.141)
Com efeito, mostro neste trabalho que o aprendizado da cultura pelos indivíduos da sociedade Ramkokamekra é hierarquizado, servindo também como instrumento de análise da estrutura social.
Articulada com a organização social encontra-se também a configuração espacial sendo esta mais uma construção social produtora de hierarquia. Assim, na aldeia dos Ramkokamekra observei que o espaço estrutura as relações entre os indivíduos e entre os sexos pois ele veicula significados que dependem do contexto social. Desta forma a divisão sexual e a hierarquia social oferecem um modelo de aplicação para compreender a organização dos espaços. Os espaços não existem do nada, eles se constróem sendo considerados como objetos que tomam forma, como, nos termos de Claude Calame, «  uma figura marcada de diferentes qualidades por intermédio dos sujeitos que o apreendem percorrendo-o....»(CALAME, 1983, p. 2, minha tradução).
A aldeia Ramkokamekra tem uma configuração peculiar. Dois círculos concêntricos ligados por ruas intercaladas por áreas verdes tal como o desenho de uma roda de bicicleta. Uma hierarquia existe entre o pátio central e as.  No entanto a casa é o reflexo da praça central e o pátio é um prolongamento da casa.  Os Ramkokamekra, como os demais timbira possuem residência matrilocal o que significa dizer que as casas pertencem às mulheres, é onde nascem, onde dão a luz à seus filhos e na ocasião enterram suas placentas. Já o pátio central é o espaço masculino por excelência, onde as decisões políticas são tomadas, a data dos rituais é escolhida e onde são discutidos todos os problemas que envolvem a sociedade Ramkokamekra. A hierarquia social e a separação sexual se manifestam na apreensão deste espaço assim, nas casas é a mulher quem reina, mas no centro da aldeia sua subordinação é incontestável. Esta hierarquia sexual é um exemplo de desigualdade de acesso à cultura. Certos saberes e decisões não chegam às  mulheres, e de acordo com a configuração espacial da aldeia Kanela, o espaço público, político, jurídico, cerimonial e masculino se opõe ao espaço privado, doméstico e feminino.
Quanto aos lugares mais significativos da aldeia, é incontestável que o pátio central e as casas estão em destaque. No entanto, os caminhos que os conduzem de um para o outro ligando o pátio às casas, assim que as ruas circulares também são importantes, sendo lugares principalmente de passagem e de encontro. Nestes espaços de importância secundária para a vida cultural pode ainda acontecer algumas manifestações culturais e musicais. Estes lugares, e a maneira com a qual os indivíduos se movimentam, orientam e estruturam as relações sociais. No entanto a rua que  circula a aldeia e que passa na frente das casas são espaços sexualmente neutros pela grande movimentação de pessoas que o utilizam.
Como salienta Maria Elisa Ladeira, os Timbira são conhecidos como “sociedades de festa”e  os espaços citados acima são os mais solicitados durante as festas e rituais, festas cerimoniais que marcam o tempo, regulam a vida social e garantem a harmonia com o universo (LADEIRA,1984). Durante estas ocasiões de festa, “amjêkn”, que também significa alegrar-se, a música invade a aldeia confirmando o que diz Berta Ribeiro, “O rito é invariavelmente, um evento musical”(RIBEIRO, 1998, p.141). Sendo que nos rituais escuta-se sobretudo os cantos masculinos. Nestas sociedades tudo é motivo para festejar: nascimentos, mortes, mudanças das estações do ano, a primeira safra do milho, os rituais de iniciação masculina e outros. E todas estas festas, como salienta Gilberto Azanha, têm seus cantos específicos. Estas informações atestam que a figura do cantador é fundamental na vida social Timbira. Este povo admira e prestigia os seus “cantadores” (ëncrercatë: aquele que “domina” = catë os “cantos” = ëncrer). (AZANHA, encarte do CD Amjëkin, CTI, 2004)
Não existe na sociedade Ramkokamekra rituais de iniciação feminina. Apenas os meninos passam por esta etapa do crescimento. Existem dois tipos de iniciação masculina onde os meninos ficam isolados em casa, e outro tipo onde o isolamento é conjunto, do grupo de iniciados. Trata-se do Ketwajé e do Pepyé respectivamente. Nestes rituais o menino aprende a cantar e a desenvolver a voz. Vale salientar que na sociedade Ramkokamekra ter voz forte é sinônimo de força e poder. O falar forte é qualidade indispensável a um bom chefe, no entanto, cultivam também a voz suave quando é preciso conquistar as mulheres.
O ritual é preparado, ensaiado e o protocolo dura o dia inteiro. Do amanhecer até o anoitecer. Bem cêdo da manhã um cantador chama os corredores de tora que correrão com uma tora trazida no dia anterior. A corrida acontece em torno da aldeia. Correm cerca de 5 voltas. Termina-se cêdo, às 8 horas, mais ou menos. Às 9 horas os meninos que serão iniciados são chamados em casa pelo cabeça do grupo e pelo mamxêdê,  chefe do grupo, já iniciado. São levados há mais ou menos 3 km fora da aldeia. Sentam-se sob os jôelhos e aí são solicitados à cantar um a um a música “aàà jôcôoooooooo” para treinarem a voz e para que seja decidido quem cantará no pátio na hora solicitada. Aquele que errar, rir ou perder a voz, terá pimenta passada na bôca como castigo. A prova é realmente levada à sério e os meninos ficam realmente nervosos. É uma prova de formação da pessoa, do homem.
A festa continua depois do almoço. O cabeça e o mamksêdê passam em todas as casas recolhendo os meninos para guarnicer na prisão. A prisão consiste em uma casinha na aldeia. A casa tem duas peças. O quarto onde os meninos ficam, tem uma janela minúscula, deixando-os praticamente no escuro. Mais uma corrida acontece, desta vez a tora é trazida de fora da aldeia, há alguns kilômetros.
As lideranças já reunidas no pátio assistem a chegada dos corredores. O público formado basicamente por mulheres e crianças correm para o pátio. Os meninos também, já estão preparados: ornamentação na cabeça, pintura de urucú no corpo, juntos dirigem-se em fila indiana ao centro do pátio. Fica um grupo de frente para outro. Depois as mulheres (mães ou irmãs dos meninos) aproximam-se com as mãos sobre as costas dos meninos, como gesto sutil de apoio. Cantam mais uma música. O grupo dos meninos chama-se MenKacama que significa grupo sortido, misturado.
Durante o ritual Pepyé, que acontece na praça central, ao sinal discretíssimo dos chefes de cerimônia que ficam cada um em uma extremidade das filas onde os meninos estão organizados, os meninos, junto com dois cantadores experientes, cada um na extremidade da fila, cantam a música “a jôcôooo”. É a prova da voz treinada na manhã do mesmo dia. O cantador começa, e em seguida o garoto ao seu lado, depois um do meio e mais um da ponta. O cantador recomeça e assim em diante.
Em conversa com um Ramkokamekra obtive a seguinte explicação sobre a música “aaaaaajôcôooooo” e sobre a iniciação masculina:
“Essa canção fala sobre a alma e os pássaros. É uma canção para o corpo ter mais força, velocidade porque muitos deles vão receber cai (curandeiro), muitos deles vão receber corredor, cantador, caçador. É uma tradição do passado. É importante. Quando eu fui crescendo eu não sabia, mas quando eu fui aprendendo mais e mais eu sabia que...é tipo a faculdade, você vai passando e aprendendo mais. Aquele sinal que eles estão fazendo ali diz que eles estão alimentando.
Olha, é uma prova que eles vão se sentar no chão e o músculos das coxas vai ficar bem forte.
A cultura  salva o espírito dos jovens pra que nenhum mal chegue perto deles. Então essa canção foi inventada pela alma.
A jôcoooooooooo, aaaaaaaa jôcôooooooo “ Tu vai sofrer, mas tu vai ficar forte” . O corpo vai ficar forte”.  (Raimundinho Pyat)
Os rituais de iniciação, Pepyjê-Ketwajê são importantes na constituição da pessoa Ramkokamekra. Neles, aprende-se a ser forte, corajoso e a enfrentar  todo tipo de situação. Falar em público é uma delas, cantar também. A voz é importante para a autoconfiança e para a formação da identidade pessoal. Ramkokamekra não tem medo ou vergonha de falar, de falar alto, forte quando é preciso, nem de cantar para o mundo escutar. É nos primeiros anos da iniciação que as qualidades de “cantador”de um menino são reveladas. E logo cêdo ele é solicitado à aprender as letras que deverá armazenar em sua memória.
Durante a cerimônia, os meninos se recolhem mais uma vez na casa escolhida para abrigá-los. Paralelamente, em torno da aldeia, acontece uma corrida com flecha de reversamento. No mesmo dia, bem cêdo da manhã, um cantador acorda a aldeia com um canto que chama para guarnicer para a  corrida de tora que começa há 15 ou 20 kilômetros da aldeia.
A corrida de tora é uma prática esportiva muito comum entre os grupos de língua e cultura Jê. Consiste em uma competição de força e velocidade entre dois grupos. As toras que podem pesar até 150 kg são preparadas, pintadas de urucú. Os corredores,  expectadores e a antropóloga curiosa vão chegando. São 6 horas da manhã. As toras vão ser escolhidas pelos dois grupos, o Kamakra e o Atycmakra. O grupo que corta a tora renuncia o direito de escolher primeiro. O kamakra vai cantando e levantando as toras para escolhê-las. Depois de escolhidas, as toras são “rezadas”por dois cantadores.
Os Kanela cantam no espaço privado e doméstico bem como no espaço público, sendo o primeiro característico dos cantos infantis e femininos e o segundo dos cantos masculinos. Quando um homem não consegue dormir ele sai de casa e vai cantar dando voltas pela aldeia. Seu canto é escutado por todos enquanto circula pela rua periférica. O mesmo não acontece com as mulheres. Estas jamais cantam sozinhas no espaço público.
O lugar e a ocasião diferencia o canto masculino do feminino. As mulheres cantam frequentemente em coro, cantos psalmódicos, monótonos e uníssonos. Além do que existem cantos exclusivamente femininos e outros unicamente masculinos. O canto da Lua, abaixo, é cantado pelas mulheres:
“Pyty wryjree! Pyty wryjree é ato pyra cà ree – a kini nôré é
Pyty wryjree! Pyty wryjree é
Ato pyra cà ree – a kini nôré, é”
“Lua Lua, tá parecendo um ôlho, eu nao tô gostando.
Lua, Lua eu não tô gostando do ôlho da Lua”
As letras das músicas Timbira falam de astros celestres e sobretudo de pequenos animais como abelhas, a arara e outros pássaros, de peixes, macacos  eporcos. Segundo Azanha, elas “descrevem o mundo e todas as coisas belas e inusitadas dos seres que povoam esta terra e que são dignas de serem eternizadas, na única maneira humana em que o seriam: na música”. (AZANHA, encarte do CD Amjëkin, CTI, 2004)
Ainda segundo Azanha,
as palavras cantadas não são palavras comuns, porque o que descrevem são os detalhes mais diferenciais dos seres, aquelas diferenças mais notáveis ou os comportamentos mais inusitados de todos os seres e que somente uma observação sofisticada e sistemática pode reter – para elogiar, ressaltar e eternizar na música.
Tudo que existe no universo “natural” Timbira tem seu canto: das pequenas bolhinhas d’água formadas pela rãnzinha amarela quando respira, à luz diáfana que emerge dos aerólitos; das cores inusitadas de determinadas joaninhas à forma delicada do menor dos arbustos e florzinhas do cerrado; da elegância do caminhar da onça à graça do redemoinho no cocoruto de um pequeno marsupial, tudo o que é diferencial e inusitado dos e nos seres é cantado. (AZANHA, encarte do CD Amjëkin, CTI, 2004)
Nas reuniões de canto e dança quotidianas homens e mulheres dividem o espaço do pátio central. Um cantador com o maracá na mão orienta o rítmo. As mulheres cantam em côro e os rapazes dançam. Há dois tipos de performance, uma dança masculina com música mais animada e outra feminina onde as mulheres fazem movimentos discretos com o corpo e cantam ao mesmo tempo: O Ikrèregarrogre e o Ikrerecati. O Ikrèregarrogre é quando os rapazes dançam batendo os pés diante do coral feminino e seguindo o cantador. Diz-se neste caso que este modo de dançar é desrespeitoso com o coral feminino chamado honcrepoj, a mesma palavra para música. Ikrerecati é quando o coral de mulheres canta acompanhando o cantador e seu maracá com discretos movimentos corporais.
Quotidianamente os jovens se reunem no pátio da aldeia para cantar e paquerar. Quando estas intensões se cruzam cantam a música do rato ‘amu xôre’. Esta música evoca as qualidades sensuais do corpo, enfatizando o movimento das nádegas. Geralmente, depois de cantá-la e dança-la abraçados em círculo, casais se formam e começam a se relacionar.
Âmu xôre juwawê! Amu xôre juwawê!
Amuh xôree! Hã h, hã h, hã h!
Romo quêne türe! Jah pêpêre!
Ja ja pêpêre,! Ja pêpêre!
Romo quêne türe jah pêpêre
Ja ja pêpêre,! Ja pêpêre!
Com estes exemplos percebe-se que a arte representada aqui pela música, expõe uma função universal, essencial ao gênero humano, esta opinião é compartilhada por diversos antropólogos que estudam sociedades indígenas, sendo o estudo da arte em geral, a busca do significado e a significância desta para os membros da sociedade estudada (VELTHEM, 1998, p.83)
Os métodos de uma arte e os sentimentos que a anima são inseparáveis dos contextos sociais que devem ser compreendidos como mecanismos cognitivos que refletem a visão e o sentido conferido pelos membros de uma determinada sociedade (GEERTZ,1986, citado por VELTHEM, 1998, p.83).
Para os Ramkokamekra como para outros povos, a morte representa uma passagem, uma viagem para outro mundo. Assim, considerando que o morto faz uma viagem para outro mundo, é preciso lhe dizer formalmente adeus. Por analogia a este adeus formalizado, a sociedade pratica um ritual, o ritual funerário. Em geral, os vivos não deixam os mortos partirem sem antes terem chorado muito. Estas lamentações podem durar até três horas conforme a importância do defunto. Durante o ritual funerário, os membros da família do morto lhe falam lembrando-o que eles não estão prontos a partirem com ele e que é preciso esquecê-los. Estas lamentações são ritmadas e parecem músicas que saem do espírito e atravessam a garganta. “Um dia a gente vai se ver, mas agora não, pois eu ainda não estou pronto »(palavras de um índio na ocasião do ritual funerário de seu irmão.  
A música também tem outras funções como a de comunicação com os espíritos. Alguns xamãs cantam para exprimir a relação ao “outro-mundo”, ou seja, ao mundo dos espíritos enquanto estão curando. Estes cantos, segundo Perrin, o ajudam a comunicar-se com o mundo do além (PERRIN,1995, p.52)
O canto na sociedade Ramkokamekra distingue os gêneros delimitando-os no espaço da aldeia. Os cantos contribuem também para a construção das identidades sexuais, pois as músicas são cantadas ou por homens ou por mulheres dependendo da semântica que elas veiculam.  Ouvindo os cantos, as crianças aprendem detalhes de estórias míticas e das características inusitadas dos seres que com elas co-habitam o mundo. É um saber que sai da garganta e que é transmitido às crianças desde cêdo, enquanto processo educativo, de maneira diferente dependendo do sexo do indivíduo.


REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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[1] O presente trabalho foi realizado com o apoio do Governo do Estado do Maranhão através da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA - BRASIL
[2]Les noms scientifiques des plantes ont été recueillis dans le livre de Nimuendaju 'The Eastern Timbira'.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

OBJETIVOS

Proporcionar ao estudante uma familiaridade com os agentes do Terceiro Setor, como atuam e como comunicam suas campanhas. Orientar a busca de conhecimentos conhecimento das novas técnicas da informação e da comunicação (NTICs) e das suas aplicações no campo da  comunicação organizacional no 3° setor.

EMENTA DA DISCIPLINA COMUNICAÇÃO DO TERCEIRO SETOR

Ética, Cidadania e organização: realidade contemporânea. Terceiro Setor: conceito, natureza, características e tendências. Surgimento dos movimentos sociais. O Terceiro Setor e as ONGs. Comunicação comunitária. Comunicação no Terceiro setor. Marketing Social e Filantropia Corporativa. Responsabilidade Social e Terceiro Setor. A comunicação e as parcerias entre o poder público e a iniciativa privada. Balanço Social.

Hu pihho: Hu pihho

Hu pihho: Hu pihho: "Hu pihho, em língua timbira dos índios Canela Ramkokamekra significa trabalho com muitas mãos, ou muitos trabalhadores diferentes. O título sugere interatividade e revela o princípio do blog"